1. |
caaporã
08:17
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volto pra casa, caaporã é tão longe
volta comigo tanta saudade
reconheço aquela foto na parede
esquecida
tempo passou eu esqueci
como era esse lugar
volto pra casa, caaporã meu descanso
presa nos olhos outra vontade
são vicente é só um nome não me vale
mais de nada
só de passagem estive ali
mas era como não vir
volto pra casa, caaporã tudo é pressa
nem acredito em tanta mudança
nem carece abrir malas a palavra
já se apaga
dentro do vão que eu mesmo abri
como voltei nem sei mais
e caaporã, caaporã
nem é tão longe assim
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2. |
cordilheira de sonhos
02:06
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3. |
o sul é desnorteio
04:26
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saturno retorna
o sul é desnorteio
cartografia de amor
sem apego
o sol é meu guia
guia olhos de águia
o sol me faz tão forte
tão completo
o sol me faz tão forte
que contemplo
um deus que vive em mim
um deus que vive em ti
um deus que vive em nós
e ele sorri
nessas gaiolas vendidas
ele não é poderoso
é vão
ele não é forte, não é maior,
nem melhor, não
ele sou eu, ele é você
ele sou eu, ele é você,
você, você, você,você,
você, você
um deus que vive em mim
um deus que vive em ti
um deus que vive em nós
e ele sorri
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4. |
moa do katendê
07:57
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5. |
fóssil
03:50
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rague sua camisa de força
procure o segredo
do cofre já aberto
veja a dimensão
do comprimento inexistente
kurt cobain é o novo gandhi
século xxi
paralisia cerebral
as novas roupas no armário
a geladeira não congela
novo programa de tv
ou algum sistema linear
crianças demais no mundo antigo
arqueólogos descobrem o perdão
cai a nossos pés
qualquer satisfação
o mundo desaba
abala o sistema nervoso
placas tectônicas
em nossas veias
fazem jorra
o sangue de nossos vulcões
século xxi
paralisia cerebral
as novas roupas no armário
a geladeira não congela
novo programa de tv
ou algum sistema linear
crianças demais no novo mundo
arqueólogos descobrem o perdão
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6. |
igaraçu
03:28
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o sol lambe teu corpo
rasgando a carne
teu peito se abre
sujando a tarde
és a cidade
onde a luz penetra e arde
sem revelar
os teus segredos
tão guardados nos conventos e bares
é tudo mais escuro
quando a noite abre
seu claro enigma
e é sempre tarde
toda palavra
gotejando num aquário
em mil pedaços
quando alguém soprar
a folha que esqueci sobre a mesa
horas
revoando vão
aves
pousam na matriz
homens
cruzam os portões
livros
queimam no museu
e a praça está deserta
quase triste como eu
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7. |
luz na luz
03:43
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iremos resistir
pelo sangre da vulva
que a terra fecunda
sem medo
iremos resistir
pela chuva que lava
e leva as dores
do povo
sem desespero
sem se entregar
ao opressor
sem desespero
sem se entregar
acreditamos que nosso mundo
não tem portão
nem cercas a nossa nação
e nossa nação
não cabe num país
todas as máscaras já caíram
chegou a hora de buscar
o seu lugar
sua posição
sua geografia
a luz na luz do dia
a luz na luz
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8. |
acalanto
03:57
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essa aliança que trago no peito
o meu coração
às vezes pensa sobre a terra
é mesmo incrível a terra
enquanto desenrola a fita do tempo
a terra,
ela mesma se coloca pra dormir
ela mesma se acorda
a vida é seu canto
cantar é a sua pulsão
deus a simples metáfora do seu brincar
a sua imaginação
ou será mesmo o contrário
e o meu coração é jovem e vário
que pode tudo embaralhar
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9. |
uirapitang
03:02
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uirapitang
me banhei no teu sangue
do teu tronco nasci e me criei
uirapitang
flecha solta na mata
canoeiro nas águas de Jussara
toda tribo vem celebrar
abraçar a grande mãe
com tambores cantar o sol
nas raízes se deitar
uirapitang
lama negra do mangue
fertiliza teu tronco e tua cor
uirapitang
cresce dentro da noite
dança o sopro do vento na manhã
e girando ao teu redor
toda tribo vem cantar
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10. |
beira mar
06:09
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vou remando minha canoa
lá pro poço do pesqueiro
ô beira mar, adeus dona
adeus riacho de areia
arriscando minha vida
numa canoa furada
ô beira mar, adeus dona
adeus riacho de areia
adeus, adeus, toma adeus
que eu já vou-me embora
eu morava no fundo d'água
não sei quando eu voltarei
eu sou canoeiro
eu não moro mais aqui
nem aqui quero morar
ô beira mar, adeus dona
adeus riacho de areia
moro na casca da lima
no caroço do juá
ô beira mar, adeus dona
adeus riacho de areia
adeus, adeus, toma adeus
que eu já vou-me embora
eu morava no fundo d'água
não sei quando eu voltarei
eu sou canoeiro
eu morava no fundo d'água
não sei quando eu voltarei
eu sou canoeiro
rio abaixo, rio acima
tudo isso eu já andei
ô beira mar, adeus dona
adeus
ô beira mar, adeus dona
adeus riacho de areia
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11. |
miudezas
07:17
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nenhum poderio será maior que a nossa
fome de ver estrelas nascendo no
coração da noite
dentro da mata a voz das águas
das mães, das iaras,
todas as falas repletas de outros
dizeres, não calarão, aclarando
a fresta de entrada
a natureza, a madureza, a verdura
da beleza aberta no chão
da casa
mesmo que a noite se mostre
profunda ferida
achar a fome de estrelas no tempo
perdido
dançar em volta do fogo
amar onde for
sem perigo, sem perigo
pelas cabeças no vento do sonho
mais louco
no coração do deserto plantar
nossas flores
vencer o medo da chuva
cantar nosso amor
sem fronteira, sem fronteira
a natureza nos amadureça
os olhos d'água limpem nossa vista
nossos delírio sejam (de) miudezas
e nossa casa frágil fortaleza
que nas crianças a gente cresça
e nos antigos rejuvenesça
e a nossa volta tudo aconteça
de tal maneira que amanheça
e os homens serão erês abraçados pelo sol
de outro amor
no sopro de vida que chega
de todos os cantos,
de todos os nomes,
de todos os corpos libertos da ferida
pois se é por ela que entra a luz
tudo aqui fora
passe a luzir
passe a luzir sem medida
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