1. |
aparicíon
05:10
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o sol sai bem cedinho,
como tão bem a canção,
nasce o céu feito flor,
caule, espinho, botão
se abrindo bem no alto
da vida que nasce do chão.
no céu, o sol é forte
e nós, da mesma medida
do nunca que sempre se sonha
virar em cada ferida
aberta, nascendo a flor
da guerra no bosque da vida.
a vida nossa de chão,
de areia apontando o futuro,
é por onde entra o sol,
onde se acha o escuro
da canção, semente fresca,
da raiz, o tronco duro.
Palavra é tudo.
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2. |
alguma voz
02:27
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Toda mudez levitará
num ar puro, toda luz
abrindo as asas, se aclarar
num gesto intenso,
uma paz
sopram os mares
em espirais
deixam no vento
alguma voz
subir
sem peso algum,
sem hora, nem lugar
sentir
o corpo abrir,
imenso é cantar
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3. |
desatino
03:32
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em suma sumo
no teu rumo
e me acostumo
ao vento
invento histórias,
mas a memória
não diz o quanto
intento
vejo-me em ti
além do destino
se até hoje existi
foi por esse desatino
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4. |
as coisas são assim
05:07
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Muito cedo você descobriu
o que é viver, o que é sorrir
sem querer viver, sem querer sorrir
muito cedo você descobriu
como não dizer, como parecer
que tá tudo bem quando há muita dor
muito cedo você aprendeu
que as coisas são assim
as coisas são assim,
as coisas são assim
muito cedo você percebeu
que os olhos vão muito além da luz
de um sol qualquer para conversar
muito cedo você percebeu
que estamos sós, longe de saber
o que não será, o que vem depois
muito cedo você aprendeu
que as coisas são assim
as coisas são assim,
as coisas são assim
muito cedo você escapou
dessa mão feroz, delicada e má,
dura e capaz de nos afagar
muito cedo você escapou
de perder a voz, esquecer a vez
e deixar passar o que não se diz
muito cedo você aprendeu
que as coisas são assim
as coisas são assim,
as coisas são assim
muito tarde eu reconheci
que sendo mesmo assim, as coisas
sendo sim, um jeito de existir
eu sempre quis fugir de mim
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5. |
cabeças no vento
01:48
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sobre a estrada do desespero
eu encontrei uma espada
coloquei sobre a cabeça
matei a palavra
o novo não está vivo
mas já chegou e assola
os corações mais velozes
nessa tarde meia, meia
meia viva, ninguém
se importa
um olho
e a catástrofe cresce
seu fogo
dentro desse nosso
nome tão cheio de portas
e portas
sonhei que a gente
não via o destino do
mundo
nossas cabeças no vento
e a espada girando
cortando as veias
do amor
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6. |
horizontes
04:14
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Nada está direito
entre nós
uma sombra só
respira a noite
em teus cabelos
tens um jeito antigo
de dizer que não
pode ser
não existe outra
maneira de
olhar nos teus olhos
para ler as horas
mortas
há um sol comigo
me roendo as roupas,
os lençóis
você diz
tudo bem
mas eu nunca acreditei
sempre a sós
nada além
horizontes sem saber
se tocar
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7. |
sumiço
04:00
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foi-se muito,
a vida já cresceu
nas tramas da tua
clareza vã
Há tanto ar
em cada segundo...
e não me mostrar
tuas mãos
a luzir
me fez querer te ver,
neste pomar gritar
toda minha vida.
sei, estás sentida...
com vasta fraqueza,
porém sem ouvir de mim
que eu lembrarei
onde estás e sem voz
mesmo assim dizer
você me deixou
por deixar
se tu vens
aclarar
posso te ver,
meu bem...
sem estar.
ah
é o amor esse sumiço
por dentro
do mais profundo
se há beleza
nesse mundo
só vai...
se mostrar
através
do teu silêncio
em mim
vem calar
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8. |
átrios
04:00
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9. |
víscera & nuvem
04:17
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I
disparo contra teus seis mil sóis
não sei se sou ponto de luz ou sombra apressada em teu
Espelho
espero tua Voz
tua magnética Voz a velar meu sono e espantar meus fervorosos
olhos
florescendo em tua manhã
tua manhã de seis mil horas dispara contra minha preguiça que
já se arrasta há séculos na família
meu corpo se arrasta pelos teus relógios
se lança sobre teu Não e recolhe as pálpebras
tudo é réstia
tudo reflete teus seis mil olhos de Gueixa Gótica
tua cabeça pendurada no Nada gritando
VAIEMBORAVAIEMBORAVAIEMBORA
eu tento mais um Não
eu tento mais um abraço de escombro
eu tento mais um escorpião escondido entre os astros e os
êxtases da infância
eu tento mais
eu tento mais
súbito
apoio os cotovelos sobre tuas costas
e espero um vagalume
II
há muito Tempo já não sou Rédea
e as nuvens não dizem adeus.
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